A figura mítica de Winston Churchill pairou sobre o leilão extraordinário, pela qualidade e valor histórico das peças, que a famosa casa Sotheby’s, de Londres, realizou com a herança de mais nova dos cinco filhos do ex-primeiro-ministro britânico, a baronesa Mary Soames, falecida em 2014 aos 91 anos de idade. Obteve enorme repercussão e bateu recordes de preços, pois, afinal, eram preciosidades de Sir Winston Churchill, o leão inglês que manteve por mais de dois anos resistência solitária contra a Alemanha de Hitler na II Guerra Mundial, o genial jornalista, soldado, político, diplomata, historiador, escritor (Nobel de Literatura em 1953), um dos mestres do idioma inglês em todos os tempos e, para muita gente, o maior estadista do século XX.
Além desses qualificativos acima, Churchill foi também um pintor amador de grande qualidade — tanto é que, entre os 250 lotes de peças colocados em leilão, estava o quadro a óleo The goldfish pool at Chartwell (em tradução livre, o poço dos peixinhos dourados em Chartwell, a mansão em que Churchill viveu em Kent), merecedor de um lance vencedor de 2,21 milhões de euros (2,7 milhões de dólares), nível de obra de artista de primeiríssima.
Trata-se do maior preço obtido até hoje por um quadro de Sir Winston, ultrapassando em mais de 1 milhão de euros (1,2 milhão de dólares) Chartwell landscape with sheep (paisagem de Chartwell com carneiros), outro óleo arrematado em 1997.
Outras duas pinturas do ex-primeiro-ministro britânico foram vendidas por perto de 1 milhão de euros cada uma, além de um retrato seu a óleo feito pelo retratista das elites e da nobreza britânica Oswald Birkey (1880-1952), que alcançou 1,8 milhão de euros (2,19 milhões de dólares).
Chegou a quase 200 mil euros (243 mil sólares) o lance vencedor pela pasta de couro vermelha que Churchill utilizou durante seus anos como Secretário de Estado de Sua Majestade para as Colônias Britânicas.
Por 47.750 euros (mais de 57 milhões de dólares) foi-se uma foto original, não autografada, de Churchill cumprimentando o general Dwight D. Eisenhower, comandante supremo das forças dos Aliados durante a II Guerra — e, posteriormente, presidente dos Estados Unidos (1953-1961). Até uma simples caixa para conservar os famosos charutos do líder superou as expectativas, sendo arrematadas por pouco mais de 30 mil dólares, vinte vezes seu preço estimado.
São fragmentos da trajetória movimentada e riquíssima de um homem que viveu intensamente cada um de seus 91 anos até a morte, em 1965, e que marcou fundo seu tempo.
10 Comentários
A meu ver um dos dois gigantes do século XX. O outro foi Ghandi, que libertou a India sem derramar uma gotaa de sangue. Batuira Lino Muito obrigado por visitar este recém-lançado site, caro Batuira. Um grande abraço. (E concordo com você sobre Churchill como um dos dois gigantes do século XX).
A propósito do comentário de 27/1/2015 às 19:07, no tocante a Joseph Stalin, o fundamento acadêmico pode ser encontrado nas publicações abaixo mencionadas: (1) Stalin’s wars: from World War to Cold War, 1939-1953 [As guerras de Stálin: da Guerra Mundial à Guerra Fria, 1939-1953], Londres, Yale University Press, 2006. [2] When titans clashed: how the Red Army stopped Hitler [Conflito de titãs: como o Exército Vermelho parou Hitler]. Lawrence, University Press of Kansas, 1995. [3] Years of war in the East, 1939-1945: a review article [Anos de guerra no Leste, 1939-1945: uma revisão], Londres/Nova York, Estudo Europa-Ásia, março de 2007. [4] Carnets de guerre: de Moscou à Berlin 1941-1945 [Cadernetas de guerra: de Moscou a Berlin 1941-1945], Paris, Calmann-Lévy, 2007. O que não implica desconsiderar, sob hipótese alguma, os "progroms", nem os "gulags". Da mesma forma que imaginar a vitória dos aliados, sem a derrota do IV Exército da Wermacht de Paulus em Stalingrado subjugado pelo Exército Vermelho do Marechal Zukov, também seria impensável com base na honesta análise intelectual da dinâmica histórica da II Guerra, à qual o insuperável Churchill considerou - quando perguntado por Roosevelt como se deveria denominar àquele formidável espetáculo de horrores -, de "A Guerra Desnecessári".
Prezado Setti: Fico imaginando quanto valerão, daqui a 50 ou 60 anos, uma garrafa da cachaça favorita de Luizinacio, o vestido da posse (a segunda) de Dilma Roussef ou um pedaço do Pato Donald grafitado pelo preboste da cidade de São Paulo, o inacreditável Fernando Haddad. Talvez sejam negociados como um lote em troca de um exemplar de "Marimbondos de Fogo"... Abs
Se fosse só escritor seria fantástico, se fosse apenas pintor, seria muito bom, se fosse somente jornalista, seria grande. Mas foi tudo isso é muito mais. A sua determinação em continuar lutando salvou o mundo ocidental. Parafraseando o próprio Churchill: nunca tantos deveram tanto a um só homem.
O quadro parece uma fotografia!
Winston - 27/1/2015 às 19:07 diz "Stalin, com todos os seus justificáveis defeitos" Na minha opinião, genocídio é INjustificável!
O maior de todos os primeiros ministros de todos os tempos. O maior estadista do mundo livre da história ocidental. O mundo seria um inferno total - não que estejamos longe dele - sem Churchill. A autobiografia de Churchill deveria ser de leitura obrigatória em todos os cursos superiores do mundo ocidental. Ninguém, nem Roosevelt, nem quem quer que seja, está à altura do Primeiro Lorde do Almirantado. Um gênio, um humanista, um gerreiro, um "Homem com H", que não existe mais. Stalin, com todos os seus justificáveis defeitos, não pode ser esquecido, porque a "Batalha de Stalingrado" foi decisiva para modificar o teatro da II Grande Guerra Mundial. Roosevelt entrou tardiamente na refrega contra o nazi-fascismo, mas quando o fez, o sinos da Catedral de Notredame começaram a dobrar pressentindo a vitória dos Aliados. Ave Churchill! O mundo seria muito pior sem ele! Só um estadista monumental desdenharia do acordo proposto por Hitler e manteria o tratado firmado com os franceses. Os atuais primeiros ministros e presidentes das principais nações ocidentais - Alemanha, França, Inglaterra, Itália e Estados Unidos - são mediocridades que nem de longe chegam ao solado dos pés de Churchill.
Para sorte do mundo livre, Deus colocou dois grandes homens no lugar certo, na hora certa, para derrotar o nazismo: Winston Leonard Spencer-Churchill e Franklin Delano Roosevelt. E Stalin ?, perguntariam os esquerdopatas. Este, como ficou provado pelo que fez antes, durante (o massacre de Katyn, por exemplo) e depois da Segunda Guerra, era tão maligno quanto o próprio Hitler.
Todo valor é abstrato, oferta e procura, vale o que alguém está disposto à pagar. Quanto valeria um copo apodrecido de madeira se ele fosse o Santo Graal?
É interessante lembrar que o MASP possui um quadro pintado por Winston Churchill, por sinal que muito apreciado pela rainha Elisabeth, quando da inauguração do prédio da avenida Paulista.