O Brasil, definitivamente, é o país da piada pronta, como diz o Zé Simão.
Vocês viram a bravura e a coragem do ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, que quer proibir o uso de máscaras em protestos públicos?
Sou totalmente favorável a isso — e até mais, pois já sugeri, por escrito, que a política prenda mascarados em protestos, uma vez que quem participa sem revelar a identidade dessas manifestações que vêm desatando a violência em quase 100% dos casos não pode estar e não está bem intencionado.
Então fica claro pelo menos o indício claro da intenção de delinquir, o que já é suficiente para que a política prenda.
O problema é a ressalva feita pelo projeto de lei a ser remetido pelo governo ao Congresso, “em regime de urgência”.
LEIAM VOCÊS MESMOS, COM SEUS PRÓPRIOS OLHOS, ESTE TRECHO DE REPORTAGEM DO SITE DE VEJA. Volto em seguida:
“Quem quiser pintar o rosto pode pintar, mas será vedado o uso de máscara ou camisa cobrindo o rosto, sem que as pessoas se identifiquem, para evitar o vandalismo”, afirmou o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo. “A lei proíbe o anonimato. As pessoas têm de arcar com as consequências do que fazem. Ninguém pode se infiltrar em manifestações para depredar o patrimônio, agredir, matar e não ser punido.”
Pelo projeto de lei, os manifestantes mascarados que se recusarem a apresentar a identificação serão encaminhados à polícia. “Se a pessoa se negar a sair do anonimato, estará cometendo crime de desobediência. E casos de reincidência configuram sanção penal mais elevada”, afirmou Cardozo.
AGORA, VOLTO A COMENTAR:
Em que país o ministro acha que vive?
Vamos imaginar a cena propiciada pela fala de Cardozo.
Há uma manifestação contra o governo, a política salarial, o custo de vida, o que seja. Cinco mil pessoas nas ruas. No meio delas, 300 mascarados.
Do outro lado do local público, a tropa de choque da Polícia Militar, pronta a intervir.
Avistando os mascarados, os policiais militares deixam de lado seus escudos, seus coletes à prova de bala, outras proteções e também seus instrumentos de dissuasão, como bombas de gás lacrimogênio e de efeito moral, e caminham em direção à multidão, pedindo licença para passar até começarem a chegar ao ponto em que estão os black blocs.
Aí, vão de um a um, perguntando:
– Por gentileza, o senhor, que está mascarado, poderia me mostrar sua identidade?
Isso para 300 baderneiros!
O ministro, se não estiver fora de si, ou está brincando ou acha que vive num cantão suíço.
Como é possível colocar essa ressalva — de os mascarados precisarem se identificar ante a autoridade policial — quando se trata de manifestações de massa?
Uma sugestão: pesquisa de campo. O ministro deveria receber um treinamento básico, fardar-se de PM e ir, pessoalmente, durante uma manifestação de massa, hostil e ululante, executar a manobra que imaginou .