O general Simón Bolívar Bruckner Jr. (à esquerda) em uniforme de combate na ilha de Okinawa, Japão (Foto: @Imperial Museum, Londres)

O tiranete fanrarrão da Venezuela, Hugo Chávez, mesmo nesses dias em que luta contra a morte, deve ficar furioso, porque entre suas proezas está a de ter-se apropriado da figura do grande herói Simón Bolívar, o Libertador — grande líder militar e político, que esteve à frente da luta pela independência do domínio espanhol de seis países latino-americanos, inclusive sua Venezuela natal.

Chávez, não custa lembrar, como suposto objetivo de determinar se o Libertador, morto em 1830, teria sido assassinado (não foi), chegou a ordenar em julho de 2010 a reabertura do túmulo de Bolívar, mostrando depois seus restos mortais por rede nacional de TV, numa manobra macabra que espantou o mundo civilizado e serviu para desviar a atenção do público para escândalos de que era acusado.

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Tanque com lancha-chamas e infantaria dos EUA avançam na batalha pela ilha de Okinawa, no Japão: 82 dias de combates, 166 mil baixas dos dois lados

Tudo isso para eu dizer que, tendo acabado de ler um extraordinário relato de um soldado americano comum sobre sua experiência como marine no Pacífico, durante a II Guerra Mundial, relembrei uma figura impressionante, o militar de mais alta patente dos Estados Unidos a morrer em combate em todo o conflito, entre os 16 milhões de americanos que lutaram na Europa e no Pacífico entre 1941 e 1945 — o tenente-general do Exército Simón Bolívar Buckner Jr.

Relembrei uma figura impressionante, o tenente-general do Exército Simón Bolívar Buckner Jr

Sim, era este seu nome: Simón Bolívar. Filho de um general confederado durante a Guerra Civil americana (1860-1865) e ex-combatente na I Guerra Mundial, a ele coube uma tarefa descomunal: à frente de várias divisões do Exército e dos Fuzileiros Navais combinadas, reunidas no que se chamou X Exército dos EUA, com uma força total de 541.866 soldados — sim, mais de meio milhão –, com o apoio de mais de 100 navios de guerra e centenas de aviões de combate, o general Simón Bolívar Buckner precisava tomar, em abril de 1945, a superdefendida ilha japonesa de Okinawa, que posteriormente deveria servir como base para a invasão do coração do Japão pelo general Douglas MacArthur.

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O general Simón Bolívar (à direita) pouco antes de ser atingido por um projétil japones que o mataria (Foto: Wikimedia Commons)

Naquele tempo, apesar do alto desenvolvimento já alcançado pela indústria bélica dos principais envolvidos no conflito, não havia guerras de apertar botão em computador: o Alto Comando Aliado calculava que poderia ter um percentual inacreditável de baixas — de 80% a 85% — para dominar e ocupar Okinawa.

Não chegou a tanto. De todo modo, travou-se ali, durante 82 dias — de 1º de abril a 21 de junho de 1945 — a mais cruenta de todas as batalhas da Guerra do Pacífico. Mais até do que a conquista de Iwo Jima, celebrada em vários filmes e em monumentos baseados na foto (posada) de marines fincando a bandeira americana numa colina.

Os Estados Unidos tiveram 49 mil baixas — 12.500 soldados mortos –, e os japoneses, 117 mil baixas, dos quais 110 mil mortos. Por todos os critérios que se queira usar, números espantosos, estarrecedores.

O general Simón Bolívar Buckner esteve sempre na linha de frente, e morreu apenas três dias antes da vitória de suas tropas, atingido por estilhaços de um disparo da artilharia japonesa.

A terrível decisão de lançar a bomba atômica

A ferocidade da resistência japonesa em Okinawa, também presente nos combates anteriormente feridos em dezenas de ilhas do Pacífico, em várias das quais os Estados Unidos perderam metade dos combatentes, e a férrea disciplina militar dos japoneses, cujo código de honra preferia a morte à rendição, levou à decisão de lançar as bombas atômicas em Hiroshima e Nagasaki.

Durante meses, o presidente Harry S. Truman, seu gabinete de guerra e seus generais pesaram essa terrível decisão, tomada porque, argumentou-se, o Japão não se renderia de outra forma e a ocupação de seu território custaria centenas de milhares de vidas americanas. Optaram por ceifar as dos inimigos, ainda que quase todas civis.

Sobre as dúvidas a respeito de lançar ou não uma bomba atômica no Japão e o longo processo decisório necessário para se chegar ao bombardeio de Hiroshima (6 de agosto de 1945) e Nagasaki (9 de agosto), recomendo o detalhado capítulo a respeito contido no livro — indispensável para quem quer se informar sobre a II Guerra Mundial — As Grandes Decisões Estratégicas (Biblioteca do Exército, Diretoria de História Militar, 2ª edição, 2004), que se pode encomendar pela internet a grandes livrarias.

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O soldado Eugene B. Sledge em sua tenda de campanha, após a batalha de Okinawa.
 

Ah, e antes que me esqueça: o extraordinário livro que li infelizmente não foi traduzido para o português, mas existe em inglês (With the Old Breed: from Peleliu to Okinawa, de Eugene B. Sledge, Ebury Press, 1ª edição, 2011, inicialmente publicado em 1984) e em espanhol (Diário de un Marine, Booket, Espanha, 1ª edição, 2010), ambas disponíveis em grandes livrarias brasileiras. Pode-se também comprar, por pouquíssimos dólares, pela internet, como e-book.

Sledge, rapaz magricela, tímido e de óculos, filho de um médico tímido de Mobile, Alabama, resolveu mudar de vida aos 19 anos alistando-se nos Fuzileiros Navais. Recebeu o tradicional treinamento de uma dureza quase indescritível e, na guerra, viu literalmente o inferno de perto.

Dos muitos livros que li sobre guerras em geral, nenhum como este trouxe a crueza do que elas significam.

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Eugene B. Sledge aos 59 anos de idade, em 1982, um ano após a publicação do livro ©Foto Encyclopedia of Alabama

Livro que chega perto de uma obra-prima

A narrativa de Sledge transmite dolorosamente uma guerra que os filmes não mostram: o desconforto — calor insuportável, frio terrível, umidade devastante, alimentação deficiente, a imundície –, o medo onipresente, o pavoroso cheiro de cadáveres em decomposição tornando-se parte da rotina, a visão permanente da barbárie desumanizando e brutalizando os soldados — os japoneses em geral atiravam no inimigo para ferir, de forma a atrair os paramédicos e, aí sim, matavam os paramédicos e enfermeiros; entre os americanos, garotos bem criados do Meio Oeste transformavam-se em monstros que extraíam com facas ou alicates dentes de ouro de inimigos em alguns casos ainda agonizando; os dois lados virtualmente deixaram de lado a prática de fazer prisioneiros.

Steven Spielberg e Tom Hanks se basearam grandemente nas memórias de guerra de Sledge para produzir a excelente série The Pacific, em 10 episódios —

Isso tudo, e muito mais, como o outro lado do horror — a camaradagem, a amizade, o desprendimento, o heroísmo e a coragem, as saudades –, além da descrição atraente e perfeita dos combates e das reflexões do autor sobre o que viu e viveu  tornam esse livro algo próximo a uma obra-prima do gênero.

Steven Spielberg e Tom Hanks se basearam grandemente em suas memórias de guerra para produzir a excelente série The Pacific, em 10 episódios — uma espécie de complemento à série anterior sobre a II Guerra, que versou sobre o conflito na Europa, Band of Brothers.

Sledge serviu nos marines de 1941 até depois da guerra, em 1946, e precisou de 35 anos de decantação das anotações que fazia, às escondidas (eram proibidas por razões de segurança), no meio de um exemplar da Bíblia, até que, já maduro, aos 58 anos de idade e bem estabelecido na carreira de biólogo e professor universitário, finalmente publicou as memórias.

Morreu em 2001, aos 78 anos.

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32 Comentários

jova em 13 de maio de 2014

Seu comentário é tão ofensivo e tão distante do objetivo do texto que não vou publicá-lo e muito menos responder.

Baiard em 29 de abril de 2014

Você, ao escrever seu comentário mentiroso, ofensivo e calhorda, certamente se inspirou em sua imagem refletida no espelho. Tenho certeza.

Reynaldo-BH em 25 de janeiro de 2014

E um flash mob de minha amada Spaña. http://www.youtube.com/watch?v=IsF53JpBMlk

joao francisco em 22 de janeiro de 2014

Seu comentário calhorda e grosseiro foi deletado. Suma daqui.

joao francisco em 22 de janeiro de 2014

Informe-se sobre a dificílima decisão do presidente Harry Truman de lançar as duas bombas atômicas, discutida durante meses, suas razões, prós e contras lendo o excelente livro “As Grandes Decisões Estratégicas”, publicado pela Biblioteca do Exército. Se não encontrar em livrarias online, encontrará na central de sebos Estante Virtual. Amigo Setti, não sacaneia, vá voce assistir "The fog of war", com depoimentos de Mcnamara, e veja que a decisão não foi tão dificil assim. Na verdade, foi até fácil, pois a guerra ja estava acabada, e o Japão perdido, destruído e invadido. JOgar a bomba foi pura demostração e exibição de poder, não conteste isso! Não estou contestando nada. Estou lhe dando uma excelente dica de informação e leitura. Tenha um mínimo de educação e reconheça isto. E eu não apenas assisti ao documentário mencionado por você -- certamente ANTES que você -, como tenho o DVD em casa.

Pedro Luiz Moreira Lima em 19 de janeiro de 2014

Amigto Setti: Entre Simon Bolivar sul americano e o Simon Bolivar norte americano - Fico com o primeiro de olhos fechados. Abração Pedro Lui

moacir 1 em 19 de janeiro de 2014

Setti, Um dos melhores livros que já li na vida.Obrigado pela paciência de ler esse meu looooooongo comentário aí em baixo. Mas ler sobre a guerra é preciso.Dentro de nós moram lobos ferozes e fraticidas necessitando de civilização. // OS HOMENS AMAM A GUERRA * "Não sei com que armas os homens lutarão na Terceira Guerra,mas na Quarta, será a pau e pedra" –Einstein * Os homens amam a guerra. Por isso se armam festivos em coro e cores para o dúbio esporte da morte. Amam e não disfarçam. Alardeiam esse amor nas praças, criam manuais e escolas, alçando bandeiras e recolhendo caixões, entoando slogans e sepultando canções. Os homens amam a guerra. Mas não a amam só com a coragem do atleta e a empáfia militar, mas com a piedosa voz do sacerdote, que antes do combate serve a hóstia da morte. Foi assim na Criméia e Tróia, na Eritréia e Angola, na Mongólia e Argélia, no Saara e agora. Os homens amam a guerra E mal suportam a paz. Os homens amam a guerra, portanto, não há perigo de paz. Os homens amam a guerra, profana ou santa, tanto faz. Os homens têm a guerra como amante, embora esposem a paz. E que arroubos, meu Deus! nesse encontro voraz! que prazeres! que uivos! que ais! que sublimes perversões urdidas na mortalha dos lençóis, lambuzando a cama ou campo de batalha. Durante séculos pensei que a guerra fosse o desvio e a paz a rota. Enganei-me. São paralelas margens de um mesmo rio, a mão e a luva, o pé e a bota. Mais que gêmeas são xifópagas, par e ímpar, sorte e azar são o ouroboro- cobra circular eternamente a nos devorar. A guerra não é um entreato. É parte do espetáculo. E não é tragédia apenas é comédia, real ou popular, é algo melhor que circo: -é onde o alegre trapezista vestido de kamikase salta sem rede e suporte, quebram-se todos os pratos e o contorcionista se parte no kamasutra da morte. A guerra não é o avesso da paz. É seu berço e seio complementar. E o horror não é o inverso do belo -é seu par. Os homens amam o belo mas gostam do horror na arte. E o terror seduz. Nada mais sedutor que Cristo morto na cruz. Portanto, a guerra não é só missa que oficia o padre, ciência que alucina o sábio, esporte que fascina o forte. A guerra é arte. E com o ardor dos vanguardistas frequentamos a bienal do horror e inauguramos a Bauhaus da morte. Por isso, em cima da carniça não há urubu, chacais, abutres, hienas. Há lindas garças de alumínio, serenas, num eletrônico balé. Talvez fosse a dança da morte, patética. Não é . É apenas outra lição de estética. Daí que os soldados modernos são como médico e engenheiro e nenhum ministro da guerra usa roupa de açougueiro. Guerra é guerra! dizia o invasor violento violentando a freira no convento Guerra é guerra! dizia a estátua do almirante com a boca de cimento. Guerra é guerra! dizemos no radar degustando o inimigo ao norte do paladar. Não é preciso disfarçar o amor à guerra, com história de amor à pátria e defesa do lar. Amamos a guerra e a paz, em bigamia exemplar. Eu, poeta moderno ou o eterno Baudelaire eu e você, hypocrite lecteur, mon semblable, mon frère. Queremos a batalha, aviões em chamas navios afundando, o espetacular confronto. De manhã abrimos vísceras de peixes com a ponta das baionetas e ao som da culinária trombeta enfiamos adagas em nossos porcos e requintamos de medalha -os mortos sobre a mesa. Se possível, a carne limpa, sem sangue. Que o míssil silente lançado à distância não respingue em nossa roupa. Mas se for preciso um banho de sangue -como dizia Terêncio:-sou humano e nada do que é humano me é estranho. A morte e a guerra não mais me pegam ao acaso. Inscrevo sua dupla efígie na pedra como se o dado de minha sorte já não rolasse ao azar, como se passasse do branco ao preto e ao branco retornasse sem nunca me sombrear. Que venha a guerra! Cruel. Total. O atômico clarim e a gênese do fim. Cauto, como convém aos sábios, primeiro bradarei contra esse fato. Mas, voraz como convém à espécie, ao ver que invadem meus quintais, das folhas da bananeira inventarei a ideológica bandeira e explodirei o corpo do inimigo antes que ataque. E se ele não atirar primeiro, aproveito seu descuido de homem fraco, invado sua casa realizando minha fome milenar de canibal rugindo sob a máscara de homem. -Terrível é o teu discurso, poeta! Escuto alguém falar. Terrível o foi elaborar. Agora me sinto livre. A morte e a guerra já não podem me alarmar. Como Édipo perplexo decifrei-a em minhas vísceras antes que a dúbia esfinge pudesse me devorar. Nem cínico nem triste. Animal humano, vou em marcha, danças, preces para o grande carnaval. Soldado, penitente, poeta -a paz e a guerra, a vida e a morte me aguardam - num atômico funeral. -Acabará a espécie humana sobre a Terra? Não. Hão de sobrar um novo Adão e Eva a refazer o amor, e dois irmãos: -Caim e Abel-a reinventar a guerra. A. Santana // Abraço

Cau Marques em 19 de janeiro de 2014

Desde que os EUA ascenderam como potência econômico/militar, WAR IS BUSINESS!

Cau Marques em 19 de janeiro de 2014

Por que os EUA não lançaram as duas bombas nucleares sobre instalações militares? Sobre um porto militar, onde estivesse uma frota de embarcações militares, por exemplo? Já sei! Queriam avaliar os estragos que a RADIAÇÃO faria sobre seres humanos, certo? Teste que não poderia ser feito em algum lugar nos EUA, certo? Informe-se sobre a dificílima decisão do presidente Harry Truman de lançar as duas bombas atômicas, discutida durante meses, suas razões, prós e contras lendo o excelente livro "As Grandes Decisões Estratégicas", publicado pela Biblioteca do Exército. Se não encontrar em livrarias online, encontrará na central de sebos Estante Virtual.

Daniel B. Silva em 19 de janeiro de 2014

Caro Sr. Ricardo Setti, gostei muito do seu post. Mas quero que me permita fazer um comentário diferente. Vendo o número de soldados americanos e japoneses mortos, chego à conclusão que o nosso país é um mar de sangue, pois se somarmos o no. de mortos em nosso país por homicídios e por acidentes de transito, em 2 meses teremos mais de 200 mil mortos.

moacir em 23 de março de 2013

Setti, Eugene B.Sledge,o autor e o personagem narrador do livro With The Old Breed,escreveu com coragem e honestidade um livro inesquecível.Todos aqueles que estudam ou se interessam pela Segunda Grande Guerra,deveriam lê-lo. O Sledge que descobri naquelas páginas é um jovem cara-pálida sulista,filho de profissionais liberais e legítimo representante da alta classe média americana.Ao olhar a sua foto em preto e branco,eu me deparei com um garoto do bem,com um rosto saudável e sardento, de quem fora criado no aconchego de um lar sólido,à base de todo aquele aquele leite tipo A,suco de laranja,cereais, cottage cheese,T-Bone steaks,saladas e muito ice-cream. Com certeza Sledge estudara numa escola pública,aprendera de cor a 1a Emenda,comemorara os 4 de julho,os dias de Ação de Graças e os Natais no seio da família.Da mesma forma ,frequentara a Igreja - Presbiteriana,of course - e sem qualquer dúvida, participara de um dos times esportivos do high school,onde lhe fora dito para ser um sportsman,para respeitar as regras do jogo,para perseguir o fairplay,e para jamais bater debaixo da linha da cintura. Ele poderia ter entrado na briga como oficial - através de graduação universitária - mas tendo pressa de lutar pela Pátria,optou por se alistar como um raso combatente - um glorioso e romântido marine dos sonhos americanos. A pergunta que me fiz,sem resposta, durante a minha leitura,foi como teria sido possível, alguém vivenciar toda aquela barbárie e conseguir sair dela são - de corpo e de alma. Já no campo de treinamento Sledge percebe por parte dos veteranos,um " brutal e primitivo ódio"pelos "Nips".Os recrutas absorviam muito rapidamente essa tendência e passavam a se perguntar uns aos outros,a cada mancada feita ou besteira dita:"Have you gone ASIATIC?" No entando,entre tantos questionamentos de ordem tanto pragmática quanto filosófica que Sledge faz a se mesmo e a seus leitores,o mais importante foi:"COULD I KILL? Ele logo descobriria que ,sim, os homens eram capazes de matar.Ele não era exceção. Foi doloroso, assistir a desconstrução sangrenta do sistema de valores daqueles jovens.Pois nas batalhas do Pacífico,não eram de valia as regras civilizadas sob as quais haviam crescido.Muito ao contrário,era preciso renegá-las.Pois elas poderiam vir a ser-lhes fatais. Os instrutores já no primeiro dia de treinamemto, repetem ininterruptamente um novo credo: "You guys!Listen!You kick their balls before them devils kick yours!KILL THEM FROM BEHIND! Matar japoneses pelas costas era preciso.Porque os"japs" não jogavam limpo,não entendiam o sentido da palavra rendição e tinham (re)inventado o BANZAI de um jeito muito kamikaze.Se explodiam com granadas levando com eles os inimigos.Afinal a guerra não era um jogo. Artilheiro dos bons,seu nome de guerra era Sledgehammer - ou seja Martelo ou Malho. A maneira desapaixonada como Sledge nos conduz atráves da brutalidade e insanidade da guerra, acentua-lhe a falta de sentido. Por exemplo,ao mesmo tempo em que escreve sobre armas,calibres,munição e ações militares,Sledge declara abominar a artilharia,uma invenção infernal,e sentir um medo visceral enquanto as balas assoviam passando por cima de sua cabeça.Segundo ele,o barulho das armas arrebentava o espiríto e pulverizava a mente,antes que as balas estraçalhassem o corpo. É apavorante o relato que ele faz,do surto psicótico que acometeu um marine,certa madrugada nas trincheiras.Os gritos ensandecidos que sucessivas doses de morfina não foram capazes de sossegar,punham em risco toda tropa.Tiveram que silenciar o rapaz, golpeando-o com uma pá.Mas exageraram na dose e o silenciaram para sempre.Para horror de todos e histeria de alguns.Só em Okinawa foram precisamente contadas 26.221 baixas psiquiátricas. Martelo prossegue implacável, nos apresentando em comedidas palavras a imundície."A sujeira anda de mãos dadas com o medo".E as palavras vão elaborando diversos Sledges:banhado de transpiração sob um sol tropical;torcendo as meias encharcadas de suor na vã tentativa de mantê-las secas;sedento após 36 horas sem beber água sob fogo cerrado;insone noite após noite num buraco;rastejando na poeira húmida de sangue dos corais de Peleliu;ou chafurdando na lama. Após 1 semana em Peleliu,ele já havia visto horrores e mortes demais.Ainda faltavam 25 dias. Quando os japoneses começaram a morrer por todos os lados,os marines se habituaram a ter o olfato saturado do cheiro nauseabundo e pegajoso de carne humana apodrecendo.Quase indiferente,Sledge descreve os diversos estágios dessa decomposição de corpos inimigos,tomados devido ao calor e a humidade,em apenas poucas horas,por legiões de maggots - vermes gordos e brancos - que os iam devorando até os ossos aparecerem numa "espécie de relógio biológico inexorável". A batalha de Peleliu - codinominada Stalemate II - deveria ter durado 3 dias,no máximo 4. Ela prolongou-se de 15 de setembro a 25 de novembro,em 10 semanas de inferno,com um saldo de 20.000 mortos,entre americanos e japoneses.Pouco interessava a Sledge, a controversa discussão da tropa,que se perguntava se tinha sido ou não necessário tomar Peleliu, para que MacArthur assegurasse o seu flanco direito rumo as Filipinas. Sledge guardou da ilha apenas o enredo dos pesadelos, que perseguiram-no até os 77 anos , quando veio a falecer de Alzheimer. Morto de cansaço,no navio que o leva embora, Sledge simplifica:" O inimigo tinha a ilha.Nós a tomamos.Eles perderam.Nós continuamos". Se a gente a essa altura acredita que já viu tudo,em Okinawa a gente percebe não ter visto nada ainda.Okinawa nos rouba o fôlego e o sono. De cara, fica claro que a inteligência americana errara feio.Subestimara o potencial destrutivo de milhares de kamikazes,o número de soldados,a complexidade dos armamentos e a ferocidade da resistência japonesa.Por essa altura começamos a ouvir comentários que demonstram o medo abjeto dos marines pelo que viria depois : a invasão do Japão por Kyushu ( codinome Olympic ) no dia 1o de novembro de 1945 e de Honshu prevista para o ano seguinte. Era impensável se discutir a resistência japonesa no coração do Japão."Quando se luta com Japs a rendição é uma opção que ninguém sequer considera".Em Okinawa os marines suportaram todos os possíveis meios de guerrilha.As fileiras americanas eram infiltradas sistematicamente todas as noites, por japoneses suicidas.Os marines que tiveram a péssima sorte de serem apanhados vivos,foram torturados por noites inteiras,na tentativa de que os gritos fraturassem a moral das tropas americanas.As descrições das mutilações feitas por eles nos corpos de marines é de uma crueldade abominável."A cabeça havia sido cortada e colocada sobre o peito.As mãos, também decepadas, haviam sido posicionadas em volta do pescoço,como que se segurando um queixo inexistente.E eles haviam castrado o marine e enfiado-lhe o pênis na boca." Porém,Sledge confessa que também os americanos saqueavam os corpos inimigos,em busca de souvenirs de guerra,como por exemplo,dentes com obturações de ouro."Eram como guerreiros pele-vermelha colecionando escalpos",nos diz ele. Em Okinawa, o poderio da artilharia japonesa foi de tal envergadura, que para garantir a retirada de seus companheiros feridos, muitos marines foram abatidos.A tentativa de salvar os vivos concentrou todos os esforços disponíveis, e portanto, pela primeira vez,os mortos americanos ficaram insepultos. A presença dos corpos japoneses não incomodava,nos afirma o Martelo,mas a visão dos companheiros apodrecendo a céu aberto ,dentro de crateras cheias d'água,causava nos marines um horror e um ódio profundos. Em meio a loucura, mesmo a notícia da rendição alemã na Europa,passou batida.Reagiram a ela com dar de ombros e um debochado: "Who cares?". A mundo era Okinawa.A sua brutalidade sem fim aparente.Explosões,fumaça,berros. Pessoas que ou estavam se urinando de medo,ou sofrendo,ou sangrando ou morrendo para depois se desfazer em lama. Chamou-me a atenção, o esforço absurdo que era para os marines,o transporte de munição e mantimentos, por grandes distãncias,em meio ao lamaçal e debaixo de balas.Ao transportar rações e munição centenas pereceram.Tendo assistido a tantos filmes de guerra,eu tinha a tola impressão de a munição estava sempre ali...a disposição. A profunda confiança entre os marines e a incomparável solidariedade que os unia,era a única coisa humana em meio aquela barbárie. Quando Sledge se permite trocar de meias depois de 60 dias, elas trazem junto a pele da sola de seus pés.A doença é epidêmica na tropa. Pneumonias e diarréia são tradadas ali mesmo, no front.Não há qualquer tipo de higiene.Os dejetos físicos são recolhidos em caixas de papelão,tábuas, estilhaços de bombas e simplesmente atirados para fora dos buracos,na lama pútrida em volta das trincheiras. Um dos relatos mais degradantes é o de Sledge cavando um buraco - um foxhole - para nele instalar sua metralhadora.Os movimentos da pá começam a revelar pedaços de um cadáver japonês e um mar de vermes.Nauseado,o marine chama atenção de um superior,que o manda continuar cavando.Como se nada estivesse acontecendo... Quando finalmente a artilharia inimiga perdeu o fôlego,os americanos insepultos puderam ser recolhidos.As mãos que realizaram esse trabalho tiveram grandes dificuldades,pois "quando seguravam um dos membros,ele se desprendia do tronco",narra Sledge. Já mais para o final da batalha, os contatos com civis e prisioneiros de guerra tornaram-se mais frequentes...e cruéis.Inesquecível a leitura de um marine, que atende ao pedido de uma anciã para que atirasse nela ,sem hesitar.E o de um outro que finca suas pernas firmemente, de cada lado do corpo agonizante de um japonês consciente. Primeiro o marine urinou sobre o prisioneiro, depois despedaçou-o com uma centena de tiros de sua metralhadora.Questionado,reclama: Qual é?"Screw the Geneva Code,buddy " Após 82 dias da mais sangrenta das batalhas da guerra do Pacífico,Okinawa foi considerada segura. Os números eram inacreditáveis: 7.613 mortos,31.807 feridos,20.020 baixas entre o pessoal de saúde (alvos preferênciais dos snippers japoneses ) do lado americano.Do lado japonês foram 107.539 mortos,20.000 desaparecidos,10.000 prisioneiros de guerra.E 42.000 civis apanhados entre os dois fogos. Dos 235 marines da divisão de Sledge que haviam lutado com ele em Peleliu,restaram 26. Nada do que eu tenha lido antes sobre a Guerra no Pacífico - como por exemplo Tennozan - The Battle of Okinawa and The Atomic Bomb de George Feifer ou Goodbye,Darkness de William Manchester - sequer consegue se aproximar da narrativa de Eugene Sledge. Tennozan,por exemplo, teria sido uma batalha épica na remota história japonesa,que determinara com seu desenlace, a sorte do Império.Segundo Feifer,Okinawa teria sido um clímax,aquilo que motivou o lançamento de Little Boy e Fat Man sobre Hiroshima e Nagasaki. Eu não acredito nisso.Na verdade o cenário político era bem mais vasto que só o Pacífico.A guerra precisava ser terminada rapidamente, principalmente após a rendição dos alemãos na Europa,em 8 de maio de 1945.Depois de terem pedido aos russos, para declarar guerra ao Japão, por longos 3 anos, os americanos, naquela altura ,não tinham como impedir que Stalin o fizesse. E os americanos não mais desejavam os russos por perto.Ao contrário,precisavam por fim aquela guerra sózinhos. É bem verdade que o altíssimo número de baixas americanas ( e a consequente revolta da opinião pública ) e de japoneses e civis,conforme cálculos feitos e refeitos ,haviam sido maiores do que então se acreditava que seriam os mortos numa guerra atômica a ser inaugurada. Eu entendo, no entanto, que desde a primeira batalha no Pacífico,o Japão já havia perdido a guerra.Quando Okinawa foi tomada,o parque industrial japonês havia sido bombardeado ou estrangulado pelos bloqueios naval e aéreos. Porém, os americanos foram confrontados em Okinawa com o orgulho imperial japonês,que em vez,ainda estava muito vivo. Como no caso do Yamato - o maior navio de guerra do seu tempo - o naufrágio do Bushido japonês que em vez de rendição preferia o auto-aniquilamento, é o coração dessas narrativas todas. Creio que assim como os americanos não entenderam primeiro a corrupção e depois a incineração da frágil e graciosa cultura nativa de Okinawa,o código de honra japonês lhes foi totalmente incompreensível.Um mistério a ser vencido. A América necessitava TO SAVE FACE - e essa expressão não possui uma tradução,mas várias.Terminar por cima. Ter a última palavra.Vencer nos próprios termos.Não fazer concessões.Mostrar suas armas ao mundo.Marcar território Era, pois, contra-indicado ceder aos russos espaço no Extremo Oriente.Bastavam os que já haviam ocupado no Leste Europeu.Era necessário quebrar o orgulho imperial japonês.E era preciso fazer isso, com o menor custo de vidas humanas possível.Como se conseguir tudo isso e rapidamente? Com a Bomba. E eu entendo perfeitamente a decisão tomada por Truman.Não acredito que ele tivesse,infelizmente, outra opção. Depois de ler sobre aqueles dias de infâmia,quando corpos humanos viravam apenas lama,e de respirar aquele ar nefasto e de me angustiar sob o peso da brutalidade humana,eu não me encolhi,nem sequer pisquei, quando li um marine,ao saber de Hirosima mumurar incrédulo:"Thanks God, for the atomic bomb" Se algum daqueles marines,parou algum dia para pensar na bomba atômica,o fez para se perguntar por que cargas d'agua a tomada de Okinawa não foi adiada para mais tarde,se havia uma chance real de se utilizar a bomba,antes do fim do verão. Não se pode questionar Hiroshima e Nagasaki sem repensar a história a partir da Primeira Grande Guerra.Sem lutar todas as batalhas americanas depois de Pearl Habor: Kasseine Pass, El Guettar,Sicília,Salerno, Monte Cassino,Anzio,Normandia, Brest,Metz,Hurtgen Forest,Bulge,Nordwind.E de recordar de uma a uma todas as batalhas travadas por eles na Ásia e no Pacífico:Bataan,Guadalcanal,Tarawa,Saipan,Guam,Iwo Jima. Era mais do que tempo de dar fim aquela guerra macabra. Poderíamos nós hoje lutar daquela forma? Alcançar o que os homens e mulheres daquela geração conseguiram? Penso que não. O mundo mudou.Mudou o conceito de guerra.A América não é mais o país do certo e errado,do claro e escuro.Guantanamo,Dick Cheney, Vietnam,9/11,Iraque,Afeganistão mudaram tudo aquilo. Tinha toda razão o Sledgehammer ao dizer que se um país é bom o suficiente para se viver nele,tem que ser bom o suficiente para se lutar por ele.Para se matar por ele como fez o governo americano,com relação a bomba atômica. O único problema nesta racionalização patriótica,é que o lugar que a gente mora não é a América,ou o Japão,ou a Europa ,a América Latina,o Brasil ou Uganda.Nós moramos no mundo. Finalizando, e desculpe-me pela extensão do comentário,eu acredito que é seu dever - conforme suas próprias palavras - presentear seus leitores com posts do quilate dessa. Atribuo aqueles que possuem VOZ e que têm ESPAÇO, a responsabilidade pedagógica não de impor opiniões,ou de colecionar seguidores,mas de provocar o pensamento. Pois,Setti, se o pecado imperdoável da guerra nos barbariza e brutaliza por baixo,o vício sagrado da leitura e o profano hábito do livre pensar, nos libertam e nos civilizam por cima. Obrigado por excelentes leituras Abraço Fico muito feliz por você ter gostado de minha indicação, caro Moacir. Um abração!

mauricio em 12 de março de 2013

Ricardo as vezes a ignorancia impera de tal forma que entristece a alma. Infelizmente vou ter que esperar o livro ser traduzido, e olha que sou formado, porem meu ingles nao passa do "ten". Mesmo assim, parabens pelo texto. Meu caro Mauricio, ninguém é obrigado a falar e entender inglês. No texto menciono o título do livro em espanhol, muito mais acessível, que é encontrável via Estante Virtual, a excelente central de sebos que tem praticamente tudo... Infelizmente não creio que o livro, escrito há mais de 20 anos, seja traduzido, não. Mas vou pensar em sugerir para algum editor conhecido. Abração e boa sorte!

Luiz Pradines em 10 de março de 2013

Oi, Setti, Muito bom mesmo esse seu post! É difícil encontrar pessoas que conhecem os acontecimentos que eu considero quase apocalípticos relativos à Guerra do Pacífico. Tenho, por costume, visitar virtualmente os principais campos de batalha daquela região usando o Google Earth. Tarawa, Truk, Guadalcanal, Saipan, Tinian, Iwo Jima e Okinawa, entre outros lugares, trazem ainda hoje muitos sinais dos combates. Peleliu é de uma beleza impressionante e que contrasta com a tragédia da sua invasão: MacArthur terminou não a usando para a invasão das Filipinas e o sacrifício de tantas vidas foi quase em vão. Assisti às duas séries. "The Pacific" me marcou bastante. O capítulo que mostra a invasão de Okinawa é de uma crueza selvagem. Nisso discordarei de você, Setti. Na minha modesta opinião, "The Pacific" é muito melhor que "Band of Brothers". Para finalizar, um "causo" interessante. Ao voltar de uma aula na Boeing, um dos meus colegas de curso me contou que o seu pai foi um "Marine" e que tinha lutado em Guadalcanal. Os Marines, seu pai lhe dizia, tinham por costume derrubar os coqueiros com tiros de "bazooka" para eliminar os "snipers" japoneses que se escondiam nas suas copas. Ele me disse também que, finda a guerra, seu pai nunca mais quis saber de ir para uma praia... Abaixo, algumas coordenadas de locais relevantes da Guerra no Pacífico: Peleliu: 6°59'42.86" N 134°13'50.33" E Guam: 13°36'47.34" N 144°52'21.90" E Tinian (base de onde decolaram os aviões dos ataques nucleares no Japão): 15°04'18.36" N 145°38'32.01" E Saipan (ver "Banzai Cliff"): 15°16'25.26" N 145°49'10.52" E Guadalcanal (ver "Alligator Creek"): 9°25'43.92" S 160°05'38.64" E Tarawa: 1°19'44.59" N 172°58'44.59" E Iwo Jima: 24°46'26.49" N 141°19'38.23" E Obrigado pelo simpaticíssimo comentário, caro Luiz. E gosto não se discute, não é mesmo? Um grande abraço.

moacir em 08 de março de 2013

Setti, Consegui os livros na Cultura.From Peleliu to Okinawa já está comigo.Decisões Estratégias,chega em 30 dias. Achei a post muito bem comentada.Afinal quantidade nem sempre é qualidade.Eu você, continuaria apostando em densidade...

Aposentado em 07 de março de 2013

Setti, seu texto é vital para conhecermos realidades. Recomendo outro livro editado pela Biblioteca do Exército, DIAS DE GUERRA NO ATLÂNTICO SUL. Quem ler este livro terá uma visão correta do que aconteceu nesta região. Vale a pena, muda muito dos conceitos estabelecidos.

Niilcio Lobo em 06 de março de 2013

Setti, parabéns. Brilhante post, fruto de muita cultura e poder de síntese.Ainda mais em um país avesso a leitura, que se torna a cada dia mais primitivo ,sua contribuição é inestimável. Abraços Muitíssimo obrigado, prezado Nilcio. Esses posts mais longos e trabalhosos são, justamente, os que têm menos leitura, mas julgo ser minha obrigação fazer -- além, claro, do prazer que significam para mim. Fico feliz com seu comentário. Um grande abraço

Flavico em 05 de março de 2013

Ricardo, o relato de Sledge é realmente primoroso. A série "The Pacific" foi baseada em suas memórias, nos episódios que vão de Peleliu (um inferno na terra segundo todos os marines que ali estiveram) até Okinawa. Aliás, o sétimo episódio da série que mostra exatamente a transformação psicológica de Sledge em Okinawa é uma obra-prima. Este episódio, isoladamente, é uma das melhores obras cinematográficas sobre a segunda guerra que já vi na vida. O franzino e tímido Sledge ganha o apelido de "sledgehammer", que significa marreta em inglês. O livro de Sledge ganha em dramaticidade e realismo se comparado com Band of Brothers de Stephen Ambrose, porque aquele viveu a guerra e este apenas entrevistou os ex-combatentes. Caro Flavico, efetivamente "The Pacific" se baseou no livro de Slege, em outro livro que não conseguiria citar de memória e em outros materiais. Pessoalmente, achei o pacote completo da série -- com entrevistas com protagonistas e mais um monte de coisas -- excelente, mas a série, em si, como cinema e como roteiro, a meu ver perde para a anterior, "Band of Brothers". De todo modo, as duas estão na minha estante. Um abração!

Ricardo em 05 de março de 2013

Xiiiii Ricardo,os comunas vão cair de pau sobre voce.Se fosse um soviético o aplaudiriam,mas...como é "ianque".É só esperar pra ver. Ótimo texto! Muito obrigado, caro xará. Fico feliz por você ter lido um post tão longo e ter gostado. Quando aos comunas, que venham! Abração

César em 05 de março de 2013

Setti, bom, muito bom! Obrigado9. Quem agradece sou eu, César, pela leitura de um post longo como esse. Um grande abraço e volte sempre!

Eduardo em 05 de março de 2013

Todo brasileiro que depois de passar os olhos em o noticiário, tinha que bater ponto aqui, no Augusto e no Reinaldo Azevedo e jamais no blog do Dirceu e outros! Podem navegar, e o faço. Mas é rigorosamente impossível conhecer as entranhas do poder, da política brasileira (só para mencionar um ponto) sem checar com esse trio. Que os anos de vida e clarividência continuem caindo sobre vocês. Vou comprar o livro! Muito obrigado, caríssimo Eduardo. Se você tiver o Kindle, custa baratíssimo baixá-lo em inglês. E em espanhol tem no site da Livraria Cultura. Se eu tivesse tempo -- e competência --, me ofereceria a alguma editora para traduzi-lo. Abração

Luiz Almeida em 05 de março de 2013

Grato pelo post e respectiva resenha, Ricardo. Lembrou-me de Os Nus e Os Mortos, de Norman Mailer. Perderei muita coisa se for ler em inglês. Sabes se há possibilidade de edição em português? Saudações! Abração Caro Luiz, Obrigado pela atenção a um post longo, e, por suas características, talhado a ter poucos acessos. Não vejo possibilidade de edição em português mas, tal como está no texto, há uma edição em espanhol, de fácil compreensão para nós, brasileiros, vendida em sites brasileiros. Não faço propaganda de nada, nunca, mas, em nome da cultura e da prestação de serviço aos leitores, aqui vai: tem no site da Livraria Cultura. Abração

wilson1 em 04 de março de 2013

Setti, acho que você dá muito mole para estes adoradores dos tiranos, ditadores, imperadores, farsantes de todos os tipos. Setti esta GENTE quer é liberdade de dizer o que quiser para si,e mordaça para seus adversários. Pois é só ir nos blogs do seus comparsas para constatar isto. Não está aí o lulopetismo querendo amordaçar a imprensa? Graças a Deus que temos os EEUU, um país que sempre foi democrátido e não como os países desta gentalha antiamericana. Claro que os EEUU não são perfeitos, claro que eles erram, afinal, são compostos de seres humanos e como todo ser humano é imperfeito, egoísta, etc, mas, pelo menos, eles preservam o direito de pensar de realizar. Já pensaram se não fosse pelos EEUU, o planeta Terra seria dividido, a metade da URSS e a metade da China. Sabe, Setti, é isto que esta gentlha deseja, ou por ignorância ou por cegueira moral. GRAÇAS A DEUS QUE TEMOS UM PAÍS TOTALMENTE DEMOCRATA COMO OS EEUU.

Marco Felix em 04 de março de 2013

O Hugo Chaves vai se debater no inferno, que nem o diabo vai aguentar caso os EUA façam um filme sobre o grande herói militar Simon Bolívar (o deles é claro)muito provavelmente todos os companheiros protestarão contra alegando qualquer coisa do tipo usurpação da historia. Que coisa.

Angelo Losguardi em 04 de março de 2013

Parece ser muito esse livro, e ainda por cima é um tema que meu pai adora. Acabou me dando uma boa ideia pra presente... rsrsrs

Atento em 03 de março de 2013

Ótimo artigo, Setti! Na série "The Pacific" há os depoimentos da filha e da viúva de Eugene Sledge, dizendo que ele nunca deixou de ter pesadelos sobre a guerra com os japoneses. 50 anos depois da guerra, em seus últimos dias de vida e já dominado pelo Alzheimer, gritava que os japoneses viriam atacá-lo atravessando o pequeno lago que ficava em frente de sua casa. Cicatrizes na alma que o tempo nunca curou. Completando o excelente comentário do leitor Moacir, deve incluir nos custo humano da invasão da ilha principal do Japão o provável suicídio em massa da população civil japonesa como o ocorrido na ilha de Saipan, onde muitos homens, mulheres e crianças preferiram a morte a viver sob o domínio americano, fato fartamente documentado pelos cinegrafistas dos marines (ainda hoje me causa impacto ver mulheres saltarem de penhascos para a morte com seus filhos bebes no colo).

Luiz Correa em 03 de março de 2013

Estimado Ricardo Setti Me desculpe, mas você está muito americanizado. Existem inúmeros relatos, excelentes e bem escritos, com alto teor de dramaticidade, de combatentes russos, alemães, franceses, britânicos, etc. Não li esse livro, acredito na sua avaliação, mas não é o único. Alguns relatos sobre a guerra na Rússia, por exemplo, são estarrecedores. Idem, sobre a guerra na antiga Yugoslávia. Nesses dois países, a guerra foi ainda mais feroz e violenta do que no Pacífico. Os massacres cometidos na década de 90, na região dos Balcãs, tem sua origem na guerra civil brutal e implacável travada naquela região, paralela à guerra igualmente terrível contra os nazistas e dos nazistas contra os resistentes. Se o livro citado é muito bom conforme sua avaliação, existem muitos outros equivalentes, fora dos Estados Unidos. Em Okinawa morreram cerca de 120.000 soldados? E quantos morreram na batalha de Stalingrado? E na batalha de Leningrado? Muitas centenas de milhares mais, de cada um dos lados do conflito. Conforme os autores americanos e principalmente Hollywood, parece que somente eles fizeram a guerra. Leia por favor as memórias daquele correspondente de guerra russo, recentemente publicadas no Brasil. Não é uma crítica não, apenas uma observação para estimular a leitura sobre a História, sempre muito mal contada, porque de forma parcial (vide o que o lulopetismo está fazendo com a história recente do Brasil). Ô, Luiz, me dê um respiro. Estou "muito americanizado" por causa de UM post que escrevi? Você não percebeu que eu o escrevi porque li um livro muito bom, e o indiquei, junto com um segundo? Claro que poderia falar sobre Stalingrado, sobre os Bálcãs, sobre a guerra Irã-Iraque, sobre a guerra civil do Líbano, sobre a I Guerra Mundial, sobre a Guerra Civil Espanhola etc etc. Mas você me autoriza, me dá sua licença de indicar um livro bom e forte que eu li e que, por acaso, é de um ex-soldado dos Estados Unidos?

Marco Balbi em 03 de março de 2013

Parabéns, meu amigo! Excelente e emocionante, além de muito informativo! Vou difundir para os meus amigos! Muito obrigado, caro Balbi. Esses posts mais longos e trabalhosos sempre têm menos leitores. Comentários, nem falar. Portanto, fico duplamente satisfeito com sua manifestação. Um grande abraço

carlos nascimento em 02 de março de 2013

Ricardo, Eis aqui novamente à questão da bomba atômica, a decisão tomada por Truman em lançar os artefatos sobre o Japão, além de criminosa, foi de enorme covardia, nada justificaria tamanha matança, pois tinham plena consciência, antes do lançamento dos artefatos, de que milhares de inocentes iriam pagar com suas vidas, a diferença de armas empregadas na luta, eram absurdamente desproporcionais. A História ainda precisa colocar os pingos nos is, os pecados do louco Hitler foram julgados, os dos americanos não, em nome do que julgavam o lado certo, tentam apagar essa página, quantas famílias japonesas inocentes,tiveram que pagar por esse BRUTAL extermínio.

SCF em 02 de março de 2013

Muio bom o texto. Sobre a guerra no Pacífico, creio que a minissérie "The Pacific" também descreve muito bem o que ocorreu naquele conflito. Sobre a decisão pelo ataque nuclear, em poucas linhas explicou muito bem o que a esquerda insiste em chamar de "selvageria" dos americanos quando esse assunto surge. São os mesmos que, naturalmente, "esquecem" da verdadeira selvageria do Stalin, o ídolo deles. E complemento: o ataque nuclear, ao encurtar bastante a guerra, não só poupou vidas dos militares americanos mas também poupou muito mais vidas dos militares e civis japoneses.

moacir em 02 de março de 2013

Prezado Setti, Talvez esta seja uma das mais densas posts escritas por você, que já li por aqui.Ela não é uma,mas várias. A começar por Simon Bolivar.É realmente de um cinismo atordoante que Hugo Chávez tenha se apropriado da biografia de um Libertador,para tecer o enredo da sua revolução totalitária.Eu leio sobre Bolívar,sobre o que deixou escrito, e quase não acredito, que tenha sido possível, se por numa mesma proposta, um Bolívar heróico que afirmava ser um povo ignorante o instrumento cego da sua própria destruição,que que se compadecia tanto do povo que obedece quanto do homem que manda só, e esse Chávez farsante e populista que bradava de Miraflores: O POVO É CHÁVEZ! A Venezuela já paga há muito tempo o preço da mentira na qual acreditou.Que agora tornou-se caríssimo,tão caro quanto o dólar em relação aos bolívares. Interessante,também, que um general americano confederado,tenha sido batizado com o nome de um herói Latino Americano,sim,pois o Tenente-General Simon Bolivar Buckner,que pereceu em Okinawa,era Junior. A carnificina das batalhas nas ilhas do Pacífico - narradas por Steven Spielberg e Tom Hanks em The Pacific e por Clint Eastwood em seus filmes A Conquista da Honra e As Cartas de Iwo Jima , além dos dois hasteamentos narrados por tantos livros -deixou clara uma coisa:os combates iam se tornando cada vez mais violentos e o número de baixas a cada batalha era sempre maior que na anterior. Em Iwo Jima,os americanos viveram um inferno e descobriram o BUSHIDO.O código de honra samurai. BUSHI significando guerreiro e Do significando caminho.Nesse caminho do guerreiro não havia outra saída honrosa que não a morte.Ali os americanos enfrentaram os ataques desesperados e suicidas que passaram a chamar de BANZAI.Pois era isso que gritavam os japoneses enquanto avançavam para a morte certa , matando.Que o império dure dez mil anos é o significado de banzai. A batalha seguinte -Okinawa - planejada para durar dias,durou quase 3 meses e como você colocou custou a vida de 13.000 mil americanos e 110.000 japoneses. Já existia um plano de invasão do Japão,uma operação militar que seria mais ambiciosa do que o dia D. A vitória americana já estava garantida,mas os estrategistas norte-americanos estimaram que, caso a invasão acontecesse por terra,o número de mortes de ambos os lados seria estarrecedor,pois os japoneses devido ao seu código de honra não se renderiam,combateriam a cada passo, até o último homem. No final,numa decisão até hoje polêmica,o governo dos Estados Unidos ordenou o lançamento de Little Boy e Fat Man,ou seja,as bombas. Mesmo tendo total consciência de que os EUA tinham que por um ponto final na guerra,antes que os russos viessem para Ásia "ajudá-los,e consolidassem também ali seu poderio,e sabendo que eles consideraram que precisavam mostrar ao mundo a arma,que até aquele momento, somente eles possuíam, a pergunta que você não nos fez,mas para a qual nos conduziu tão sutilmente é a seguinte: as bombas de Hiroshima e Nagazaki se justificam? Por tudo que já li e assisti sobre a Segunda Grande Guerra,por toda a barbarie,todo o sofrimento,toda dor,toda miséria ,toda loucura que se apossou do mundo, acabar com aquela guerra,provocando o menor número de mortes possível,e para jamais usá-las novamente,como de fato tem acontecido ,eu penso que SIM. Não li As Grandes Decisões Estratégicas nem tão pouco o livro de Eugene Sledge.Obrigado pelas dicas. Abraço Caro Moacir, os posts mais densos e trabalhosos são, em geral, os menos lidos, para não falar em comentários. Por isso, agradeço a você duplamente a manifestação. Mesmo assim, fiz muitas dezenas de posts assim, porque acho que é meu dever. Quanto aos dois livros mencionados, juro que valem a pena, mesmo. Quando, no futuro, tiver lido um ou outro, conte pra gente. Em relação ao Chávez, coitado, é um palhaço grotesco. Mesmo assim, tenho pena do sofrimento que a doença lhe está impondo. Um abraço

Maria Thereza Speranzelli em 02 de março de 2013

Texto surpreendente e emocionante. Vou tentar encontrar o livro do soldado mencionado.

@MauroVS em 02 de março de 2013

Nesta semana na falta de um livro interessante acabei comprando o jogo infantil Pikmin 2 (Wii) na livraria R$79. Ainda vou ter que jogar. Valeu a recomendação. E por falar em batalhas, antes da Guerra de Secessão nos EUA, aparece Narciso López, venezuelano, citado como aventureiro e ora como libertador de Cuba, interessante que oferecia US$4 mi (foi recusado) a congressistas escravagistas para que Cuba fosse libertada da Espanha e talvez anexada a causa escravagista. Lula leu a aba do "O Último Matou Caixas" e adivinhou que o mordomo era o assassino. Ler é muito bom.

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