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[Reprodução da página de VEJA onde a matéria foi publicada]

Com um programa extremamente eclético, que inclui desde uma visita à Bienal de Artes Plásticas até uma palestra do jornalista e ex-governador da extinta Guanabarqa Carlos Lacerda sobre o tema “Portugal, Uma Nova Ameaça ao Ocidente?”, a Sociedade Interamericana de Imprensa começou domingo na Hilton Hotel, em São Paulo, sua 31ª Assembléia Geral Ordinária.

Embora a agenda do encontro preveja uma série de decisões relevantes, como a eleição da nova diretoria – que será presidida durante dois anos, conforme a praxe, pelo atual primeiro vice-presidente, Raymond Dix, diretor do jornal americano Daily Record, de Wooster, Ohio -, o tema predominante será, como em reuniões anteriores, a liberdade de imprensa.

[ATUALIZAÇÃO 2025: a SIP é uma entidade que reúne não jornalistas, mas proprietários de meios de comunicação. Mas tem tido um papel importante na luta pela liberdade de imprensa nas Américas, não raro com risco para os próprios veículos. É integrada por mais de 1.300 meios impressos, emissoras de TV e rádio, plataformas digitais, associações de imprensa, empresas provedoras de serviços e indivíduos. Recebe contribuições de seus, doações de terceiros e gera fundos por meio de seus eventos.].

“A América vive um momento negro de sua história em se tratando desse problema”, disse a VEJA Júlio de Mesquita Neto, diretor responsável do jornal O Estado de S. Paulo e atual presidente da SIP, como a entidade é conhecida (sigla de seu nome em espanhol). Nesta quarta-feira, a partir das 10 horas, quando o governador Paulo Egydio Martins abrir os trabalhos da reunião, Mesquita estará lendo perante 400 representantes de cerca de 200 órgãos de imprensa (os sócios da SIP são 918) seu relatório.

Segundo ele, o problema da liberdade de imprensa será abordado de passagem, já que o diagnóstico específico estará a cargo de uma comissão própria, reunida desde a segunda-feira.

Vasto programa – Em sete dias, os delegados terão pela frente um vasto programa. Fora das atividades de âmbito exclusivo da SIP, haverá banquetes, recepções, uma visita ao Guarujá, conferências (inclusive do ministro Mário Henrique Simonsen, da Fazenda, do presidente do Banco Interamericano de Desenvolvimento, Antonio Ortiz Mena, e do secretário geral da Organização dos Estados Americanos, Alejandro Orfilla) e uma entrevista coletiva dos diretores da sociedade.

Antes disso, porém, será feito mais um balanço da situação da liberdade de imprensa no continente. Que, segundo o gerente geral da SIP, James Canel, só é plena nos Estados Unidos, no Canadá e em dois países latino-americanos. Em outros três – Argentina, Colômbia e Equador -, há problemas não-institucionais: “Lá o jornalista, querendo correr o risco de um atentado a bomba, pode publicar o que quiser”.

Mesmo ante o panorama não exatamente animador na América Latina, a direção da SIP assegura que pretende continuar lutando pela liberdade de expressão. “A despeito do momento crítico que enfrentamos, não se pode deixar de ter esperanças”, diz Júlio de Mesquita Neto.

(Matéria de Ricardo Setti publicada na revista Veja em 22 de outubro de 1975)

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