
Chame-o de paranoico; chame-o de nerd que exagerou nos filmes de ficção científica; chame-o de crente nas teorias de que o Apocalipse está próximo; ou o chame simplesmente de um homem precavido.
Não importa a qual destas opiniões a respeito do investidor imobiliário norte-americano Larry Hall o leitor se inclinará ao final deste post. Com certeza em um ponto todos concordarão: trata-se de um homem de negócios para lá de criativo e até mesmo visionário.

Foi Hall, de 55 anos, quem desembolsou cerca de 22 milhões de reais – “sem contar aquisição do terreno, demolições e projeto arquitetônico” – para, aproveitando um desativado silo para mísseis intercontinentais de 53 metros de profundidade construído em 45 mil metros quadrados em Salinas, no Estado de Kansas, nos anos 1960, criar um condomínio de luxo subterrâneo e com resistência “anti-tudo”. E que, às vésperas do “fim do mundo” de acordo com o calendário Maia – 21 de dezembro de 2012 -, já lucrou consideravelmente com a ideia.
Abecedário de “ameaças”
Segundo seu criador, o projeto, batizado Survival Condo (“Condomínio de Sobrevivência”), é útil no caso da concretização de um verdadeiro abecedário de “ameaças” (todas devidamente detalhadas no site oficial). Só para ficarmos entre os males naturais do Planeta Terra listados por Hall, temos: furacões, inundações, terremotos, secas, tornados e vulcões em erupção.
Indo mais longe, ele menciona “tempestades solares” e até mesmo “contato alienígena” como boas razões para que alguém decida ir morar em um bunker. Para não falar – e sim, ele fala – de epidemias e de possíveis ataques nucleares praticados por terroristas.

Estes últimos, aliás, foram os temores originais que ocasionaram a criação, em território americano, de 72 bunkers como o comprado por Hall, que abrigava silos de mísseis. A maioria surgiu no período do auge das tensões militares entre os Estados Unidos e a então União Soviética.
Como são os apartamentos subterrâneos
Para convencer os compradores, dispostos a pagar entre 2,2 milhões e 4,4 milhões de reais por apartamento (que pode chegar a 167 metros quadrados de área), Hall caprichou tanto no que se refere a segurança e subsistência – utilizando a estrutura já ultra-reforçada dos bunkers originais, com suas 600 toneladas de barras protetoras – quanto no que diz respeito a luxo.

Os oito “sub-apês”, distribuídos em sete andares, são virtualmente impenetráveis, com paredes cuja espessura varia de 2,5 a 9 metros de concreto maciço, respaldadas de uma grade de proteção militar. A energia interna provém de diversas fontes disponíveis — incluindo placas solares — no edifício, que conta também com filtros de ar anti-gases nucleares. E não para por aí: estão incluídos no pacote unidade cirúrgica, centro de comunicações, sensores meteorológicos, reservatório para até 95 mil litros de água, horta hidropônica e um pequeno arsenal de armas de fogo.
E como fazer com os alimentos de quem se isola a tantos palmos abaixo do solo? Não há com que se preocupar. Cada apartamento de andar inteiro, apto a acomodar confortavelmente entre 6 a 10 pessoas, possui um suprimento de comida desidratada suficiente para nada menos que 5 anos de sobrevivência de cada morador. Ou seja, pelo menos 30 anos de alimentação estão garantidos, segundo Hall.
Quanto às mordomias encontradas nas “unidades”, como batizou Hall os apartamentos, não são nada de se jogar fora: piscina coberta, minicinema, bar, sala de ginástica, spa…

Compradores famosos e apartamentos quase esgotados
Embora não revele o quanto gastou na compra do bunker e do silo, Hall dá a entender de que foi praticamente de graça, em comparação aos 33 milhões de reais torrados somente na estrutura de concreto quando da construção pelas Forças Armadas americanas, na década de 1960.

De acordo com o site do Survival Condon, todas as seis unidades de andar completo e uma das duas unidades de meio andar já foram vendidas, embora o condomínio ainda esteja em fase de finalização. Resta apenas um apartamento. Entre os compradores, cujas identidades ele não revela, há um ex-jogador da principal liga de futebol americano (NFL), um automobilista, um escritor e mais “gente de cinema e da música”.
OBSERVAÇÃO IMPORTANTE
Este post utiliza o valor de reais de 2012, ano em que foi publicado originalmente no blog que o autor mantinha no site da revista Veja.
5 Comentários
Caríssimo Ricardo, O domingo é meu dia favorito para explorar o seu Blog em busca daqueles textos excepcionais, como este que acabei de ler. Geralmente curto eles, mas não tenho sempre tempo de comentá-los, inclusive pela vasta variedade dos temas, um mais empolgante que o outro. Fico gratamente surpresa quando vejo no Feed, muitas fotos suas trazendo muitos temas interessantes para serem curtidos e comentados. Para entrar no tema escolhi uma frase do leitor Willer, “de olho na colonização de outros planetas”. Não deixo de pensar que um dia não tão longínquo, embora que ainda fantasioso, que nesta galáxia, onde o nosso planeta se situa ou em outras galáxias anos luz de distância, possam ser consideradas habitáveis. Após ler, algum tempo atrás, um livro que me empolgou bastante: “ Eram Deuses os astronautas?, no qual surpreendentes e misteriosas pistas foram deixadas por visitantes de outros planetas que poderiam ter escolhido a Terra após os seus planetas terem sido destruídos por deflagrações naturais ou nucleares. Deixando de lado a minha fértil imaginação, mas lendo e vendo o que o seu bem escrito texto expõe sobre o aproveitamento de um desativado silo de mísseis intercontinentais, e pelo que se vê na foto, de enorme dimensões como o Survival Condo para albergar pessoas que queiram se proteger do possível Fim do Mundo, tão preconizado nos últimos tempos como, por exemplo, na data fatídica do 21/12/2012 que o famoso Calendário Maia define como a data da destruição do nosso planeta. Claro que além do calendário Maia, temos as calamidades naturais, como você bem descreve, e como as temidas tempestades solares ou, ainda, os possíveis? contatos alienígenas ou as loucuras das desastrosas bombas atômicas em mãos de exterminadores de países que incomodam os seus interesses, ou pensam imitar Hitler e querem seguir seu nefasto exemplo e provocar outro Holocausto: exterminar Israel da face da Terra! Pode ser um tremendismo exagerado, mas pela construção de bunkers, que pelo que assisti nos outros vídeos acoplados a este que você exibiu aqui, inclusive alguns construídos em forma sigilosa nos EU e outros silos como este, espalhados pelo mundo afora. Nada mais surpreende e nos leva a pensar que há uma histeria coletiva sobre a desaparição do nosso querido Habitat. Voltando novamente ao impressionante Condomínio de Sobrevivência, devo dizer que é realmente uma monumental obra de um criativo e visionário empresário que teve a brilhante ideia de transformar um silo sem utilidade pratica nenhuma na sua forma original, num luxuoso condomínio de altíssimo padrão fornecido de todas as mordomias que se possa imaginar, uma verdadeira estrutura de sofisticada tecnologia que eu poderia imaginar só nos filmes de “Science Fiction”. Querido Ricardo, enquanto as tantas nefastas premonições, eu acredito que este belo planeta azul, a cor descrita pelos astronautas desde o Espaço Sideral, sobreviverá porque Deus não permitirá que sua bela obra seja destruída por profecias, por fanáticos das guerras ou por desastres naturais... bom, assim espero! Um caloroso abraço da cativa leitora Kitty
Grande sacada imobiliária, se vai resolver alguma coisa, isto depende de uma série de fatores, alguns deles são sociais, sem uma certa coesão num grupo confinado esta maravilhosa torre invertida se transformaria rápido numa gaiola de loucos, experiências sobre confinamento humano em condições adversas estão ainda hoje em andamento, de olho na colonização de outros planetas tanto a NASA como a ESA, agências espaciais norte americana e europeia, fazem experimentos nesta área e se bobearem Marte vai acabar falando mandarim, os chineses não perdem tempo. Um dias destes, caro Setti, vou lhe mandar material sobre os nossos Bunkers da segunda guerra, as crianças são levadas às vezes para darem um passeio pelas galerias subterrâneas, vivem uma aula de História aprendendo o que extremismo acarreta. Será um prazer receber seu material, Willer. Já percorri bunkers na Normandia, são ainda hoje impressionantes. Abração
Não lhes valerá de nada meterem-se debaixo de terra... só adiarão o final esperado... inverno núclear!!! é isso que esperam? aferá todo o mundo... tenham juíso!!!
Ricardo, meu caro Eu não tenho informação sobre o mercado de imóveis norte-americano, muito menos sobre o mercado local onde se situa o empreendimento. Conhecendo um pouco do mercado das cidades médias e grandes aqui do Brasil, achei que é até barato. Exageros à parte, mais de 160 metros quadrados com toda a mordomia citada por um milhão de dólares é quase uma pechincha, não? A única desvantagem é não ter janelas nem vista para onde quer que seja. Abração do Carlão
Off Topic: Apenas uma tentativa de encerramos o assunto Paraguai: - PARAGUAI ELEITOR DE LUGO É FAVORÁVEL A SUA SAÍDA http://cinenegocioseimoveis.blogspot.com.br/2012/06/paraguai-eleitor-de-lugo-e-sua-saida.html Abraço a Todos Osvaldo Aires