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        BRASÍLIA, 10 – O Departamento Federal de Segurança Pública [precursor da Polícia Federal] conseguiu localizar o [cidadão] grego Hipocratis Takapoulos, que estava desaparecido, depois de ter sido acusado de adquirir fraudulentamente o “diamante 007”, de 450 quilates, em outubro último, nesta capital.

         O desaparecimento do grego fez surgir suspeitas de que tivesse sido eliminado pelo delegado federal Egberto Assunção, encarregado do caso, e que continua preso, incomunicável, no quartel da Polícia do Exército, enquanto se investiga sua participação no desaparecimento de Hipocrates.

         Em Goiás

Hipocratis foi localizado em Goiás, na Fazenda “Águas Frias”, de propriedade do advogado Francisco de Assis Neves, contratado pelo garimpeiro João Barbosa, de quem o grego obteve o diamante pagando-o com dois cheques sem fundo.

O DFSP prendeu o advogado, o garimpeiro e um segundo advogado, Severiano de Faria Filho, que também estaria envolvido no desaparecimento de Hipocratis, estando os três, com o [cidadão] grego, recolhidos ao Batalhão da Polícia do Exército por ordem do general Riograndino Kruel, diretor do DFSP.

         Torturas

         Hipocratis já prestou depoimento no inquérito, presidido pelo delegado Walmores Barbosa, instaurado no DFSP para apurar seu desaparecimento. Está transfigurado pelas sevícias que sofreu [nota: o Estadão não queria que os repórteres usassem a palavra tortura], inclusive queimaduras. Há versões, não confirmadas oficialmente, segundo as quais Hipocratis teria sido entregue pelo delegado Assunção a dois filhos do garimpeiro lesado, os quais o submeteram a violências para conseguir informações acerca do diamante. Os dois filhos do garimpeiro estão desaparecidos e seus nomes não foram dados a conhecer.

O inquérito aberto pelo DFSP, como se recorda, foi provocado pela esposa de Hipocrates, a sra. Guiomar Takapoulos, que requereu por intermédio de seu advogado ao Supremo Tribunal Federal que fosse exigida das autoridades policiais uma informação concreta acerca do paradeiro do marido.

(Reportagem de Ricardo Setti, de Brasília, publicada no jornal O Estado de S. Paulo a 11 de junho de 1966 sob o título original de “DFSP localizou grego; seviciado”)

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