
Chegou ontem às livrarias dos Estados Unidos o livro de memórias de Condoleezza Rice, ex-assessora de segurança nacional e ex-secretária de Estado do presidente George W. Bush (2001-2009), dois meses depois de aparecer livro de idêntico teor do vice de Bush, Dick Cheney.
Interessante mostrar aos eventuais leitores deste espaço alguns poucos pontos de ambos os livros — que, pela importância dos cargos que ambos ocuparam e pela extensão dos volumes (734 páginas o de Condoleezza, 565 o de Cheney), naturalmente mereceriam uma análise profunda, além dos objetivos deste site.
Suspeitos de terrorismo não podiam ser “desaparecidos”
Interessante é ver um pedacinho do que um diz do outro.
Condoleezza, em suas memórias — No Higher Honor — A Memoir of My Years in Washigton (algo como “Não há honra maior — Uma memória de meus anos em Washington”) distancia-se claramente da linha duríssima de Cheney, defensor inclusive de tortura contra prisioneiros para obter informações.
Ela afirma que, no gabinete do vice, enxergava “um pensamento único ultrafalcão” (“falcões” são aqueles, nos EUA, favoráveis a soluções militares, à linha dura em situações de impasse político). E conta que, durante seus oito anos na Casa Branca, sua maior discussão se produziu quando, contra a opinião de Cheney, ela afirmou que os suspeitos de terrorismo após o 11 de setembro não poderiam de forma alguma ser “desaparecidos” por agentes especiais dos EUA quando não podiam ser levados a julgamento por falta de provas juridicamente sólidas.

Cheney, por sua vez, bate duro em Condoleezza em seu próprio livro, In My Time — A Personal and Political Memoir (“No meu tempo — Memórias pessoais e políticas”). Na verdade, em certas passagens nem parece que os dois trabalharam lado a lado para o mesmo governo. A certa altura, por exemplo, Cheney diz que Condoleeza, “em seus informes a Bush, chegou a ser completamente enganadora, dizendo o contrário do que ela estava fazendo”.
O fato de ela e Powell serem negros
Cheney não poupa o general Colin Powell, chefe do Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas dos EUA na Guerra do Golfo, em 1991, e secretário de Estado durante os quatro primeiros anos de Bush. “Creio que seu melhor caminho para expressar opiniões era criticar as políticas do governo para pessoas de fora”.
Segunda mulher a ser secretária de Estado em mais de dois séculos de República, e segunda pessoa negra a ocupar o posto — o primeiro foi o general Powell –, Condoleezza não deixa de abordar a questão e o impacto em outras pessoas. “Uma secretária de Estado negra não se enquadrava com o estereótipo geral dos EUA”, comenta, a certa altura. “[O primeiro-ministro britânico Tony] Blair resumiu isso muito bem quando disse que, no primeiro encontro [com Bush] em Camp David [casa de campo oficial dos presidentes americanos] ficou algo chocado ao ver o presidente ladeado por Colin Powell e por mim”.
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Ricardo, A Condolezza não foi a primeira mulher a ser Secretária de Estado, foi pelo menos a segunda, já que Madeleine Albright ocupou o cargo no Gov. Clinton. Um abraço. Wilson Muito obrigado por sua lembrança, prezado Wilson. Você tem toda razão. Cometi um erro e vou corrigi-lo, graças a você. Um abração
Ricardo, só uma correção: Madaleine Albright foi a primeira mulher a ocupar o cargo de Secretária de Estado, no governo Clinton, antes de Condoleezza. Totalmente correto, você, caro Axell. Agradeço o toque, que outro amigo do blog já me dera. Já corrigi o erro, embora, para não tornar mais longo o período do texto, tenha deixado de citar Albright. Um abração e obrigado pela atenção.
Percebia-se claramente nas aparicoes do GENERAL POWELL durante o periodo que ocupou o cargo de SECRETARIO DE ESTADO, que algo o incomodava. Apos a saida, ficou claro que o nome do inseto era DICK CHENEY ( perceberam algo familiar nas 3 ultimas letras??...QUE MALVADOS!!!! Dizem as mas linguas que quem dava as ORDENS na WHITE HOUSE era o proprio, o outro so OBEDECIA. Com a pobre "CONDY"-como era chamada pelos intimos- nao era diferente, ficou ate MAIS EVIDENTE o desconforto de CONDOLEEZZA para lidar com um DICK. O GENERAL COLIN POWELL era super carismatico e querido de praticamente os dois lados da moeda. Chegou a ser cogitado para a CASA BRANCA.