
É claro que o regime autocrático e populista da Venezuela é muito diferente e muito menos ruim — por assim dizer — do que a mais feroz, fechada e totalitária ditadura do mundo, o regime comunista-monárquico da Coreia do Norte. (Lembremo-nos de que o regime foi instaurado pelo coronel Hugo Cháves em 1999 (na foto principal do post, o ditador cubano Raúl Castro presta homenagem a Chávez no velório do falecido tirano).
A Venezuela ainda conserva resquícios de liberdade de imprensa, tem uma oposição que, embora sempre acuada e dispondo de muito menos meio do que o onipresente chavismo, consegue atuar, a iniciativa privada não foi, por ora, totalmente esmagada pela estatização e pelo capitalismo de Estado, os cidadãos podem viajar para o exterior e até emigrar sem problemas, no país não existe pena de morte — e por aí vai.
Tudo isso é absolutamente impensável na Coreia do Norte desde há seis décadas e meia.
Há, porém, entre outros, três pontos em comum:
1) na Coreia do Norte, falta tudo, sobretudo comida; na Venezuela também — com a diferença de que a Venezuela petroleira tem dinheiro para importar alimentos, e a Coreia do Norte precisa da caridade internacional para não piorar a fome de seu povo;
2) na Coreia do Norte, o corpo embalsamado do último líder morto (em dezembro de 2011), Kim Jong-il, está exposto”para sempre” à visitação pública em uma urna de vidro dentro de um mausoléu; se dependesse de seu entorno, o corpo do falecido caudilho Hugo Chávez estaria na mesma situação (caso dos dirigentes mortos de outros países comunistas), mas após seu falecimento, dia 5 de março passado deste ano de 2013, houve uma generalizada incompetência e atrassos em torno à conservação do corpo de Chávez que ele precisou ser sepultado.
Teoricas conspiratórias imaginam a hipótese de que teria sido proposital — porque o novo caudilho Nicolás Maduro não iria querer ver transformado em ponto de peregrinação o local de exposição de Chávez embalsamado.
3) na Coreia do Norte, o poder vem passando de pai para filho desde 1994, estando, já, na terceira geração de líderes comunistas; a Venezuela fez esta semana um ensaio disso, quando o presidente interino (e biônico) Nicolás Maduro — que certamente será eleito presidente para um mandato de seis anos no próximo dia 14 de abril — nomeou como seu vice igualmente biônico o ministro da Ciência e Teconolgia, Jorge Areaza, 39 anos, genro de Chávez (casado com a mais velha de seus cinco filhos, Rosa Virgínia) e que, espertamente, passou há alguns anos a chamá-lo de “pai” em público.
Não é nenhum delírio imaginar-se que Areaza possa, com o tempo, arvorar-se em herdeiro do “pai”. Chávez teve quatro filhas e um único filho, Hugo Rafael Chávez Colmenares, de dois casamentos, mas “Huguito” não tinha boa relação com o pai e nunca participou de sua atividade política.
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Parece que a parte do embalsamamento não se sustenta. Os venezuelanos, pelo jeito, não fizeram direito o dever de casa e deixaram o defunto apodrecer.
Faltou o culto à personalidade, com cartazes dos "Grandes Líderes" em cada esquina, e a velha mania de colocar a culpa de tudo que dá errado em um inimigo externo, no caso, o mesmo: os Estados Unidos da América!
Ficou faltando o culto à personalidade, com cartazes dos "grandes líderes" em cada esquina, e também a eterna mania de colocar a culpa de tudo que é ruim que aconteça num inimigo externo, real ou imaginário. No caso dos dois países o inimigo útil é o mesmo: os Estados Unidos da América, que fabricam as roupas com que os ditadores gostam de desfilar em suas viagens à Disney ou Las Vegas.
"3) na Coreia do Norte, o poder vem passando de pai para filho desde 1994"... não seria 1949? Verifique isso, prezado Setti. O regime se instalou no pós-II Guerra, mas o poder passou de Kim Il-sung, o "Grande Líder" -- expressão que todo norte-coreano, ao pronunciar, deveria ficar em pé. Bela democracia, né? -- para seu filho, o topetudo e corrupto Kim Jong-il, quando "o Grande Lícer" morreu, em 1994. Mas obrigado pelo toque. Vou tornar o texto mais claro. Abraço
D. Setti; Ou seja, sempre com venerações orgulhosas, onde o resto do mundo não consegue nem pensar, q possa ser ou virar em algum casos no mundo, esses tipos de ídolos. Abraços.
D. Setti; Vou te contar o enredo de novela é sempre o mesmo para esses dois mundos. Abs.
Aqui, a Dilma ganhou milhões de votos dos miseráveis do Nordeste achando que ela era a esposa do apedeuta - enquanto, a amante, era a Rose. Se adotarem essa canalhice aqui de mumificar "nosso líder barbudo", a oposição pode pedir aposentadoria compulsória.