Acima está reprodução de uma a prova cabal de que havia trabalho, sim, naquela conferência das edições internacionais de Playboy reunidas com os americanos de Playboy USA em Acapulco, no México.
É a capa de um opúsculo de 30 páginas, com um subtítulo que refletia bem o objetivo do encontro: “Conversações sobre Excelência”.
O livreto continha toda a programação de trabalho do encontro, os eventos sociais — poucos, diga-se –, temas sobre como reforçar o jornalismo das revistas, mudanças e novidades de cada edição internacional, os movimentos editoriais de revistas concorrentes e por aí vai.
Também havia números de todas as edições, como circulação (bancas e assinaturas) e crescimento no último ano, número de páginas de publicidade, relação entre páginas de publicidade e editoriais e temas similares. Todos esses assuntos não eram tratados por nós, jornalistas, editores de diferentes edições internacionais das revistas, mas pelo pessoal da área negocial – começando pelo publisher, e incluindo áreas como publicidade, circulação, vendas em bancas e assinaturas.
Não há uma tradução adequada em português para a figura do publisher de um jornal ou de uma revista. Ele é o profissional que organiza, financia, coordena e distribui a publicação, sem, porém, interferir no conteúdo editorial. Nos grandes veículos internacionais controlados por famílias, era delas que saía um herdeiro como publisher, não sem antes passar, trabalhando, por todas as áreas da empresa. Essa tendência está aos poucos desaparecendo, e a maior exceção é The New York Times, cujo atual publisher, A. G. Sulzberger, 44 anos, no posto há 7 anos e meio, é da quinta geração da família.
O livreto que recebi ao chegar a Acapulco continha também um perfil bastante completo de cada um dos participantes. Foi nele é que descobri que Petr Svoboda, um fortão sempre bronzeado, publisher da edição da República Tcheca apesar de viver no Canadá, havia sido lutador de boxe, jogador de futebol e piloto de aviões de transporte militar Hércules.
Ou seja, no heterogêneo universo de edições internacionais de Playboy cabia muita coisa — até que um publisher, como Svoboda, acumulasse suas funções com a de empresário de jogadores profissionais de hóquei. Ele não apareceu em nenhuma reunião sobre temas editoriais — sua turma era outra, a da área de negócios –, de modo que não sei se ele, publisher de uma revista, tinha alguma noção do que era o jornalismo.