Diante da discussão que ocorreu na Constituinte (1987-1988) a respeito das virtudes do parlamentarismo e do presidencialismo, e das alegações em favor da estabilidade que um regime de gabinete pode trazer ao país, o então senador Hugo Napoleão (PFL-PI) resolveu conferir recorrendo à história do país.
Deixando de lado o desastrado parlamentarismo que se seguiu à renúncia de Jânio Quadros em 1961, o senador mergulhou em pesquisas sobre o que ocorreu com o regime instituído no curso do II Império.
O resultado, em matéria de estabilidade, não poderia ser pior: desde sua instituição formal, em 1847, até a proclamação da República, em 1889, o Brasil teve um batalhão de 32 presidentes do Conselho de Ministros, equivalente ao que hoje se chama primeiro-ministros – uma média de pouco mais de um por ano.

É um recorde que nem a Itália em seus períodos de aguda instabilidade política conseguiu bater.
O parlamentarismo em nosso país, como se sabe, foi derrotado no plebiscito de 1993.
Nada disso, porém, me desfaz a opinião de que o parlamentarismo é um sistema de governo mais representativo, com maior repartição de poder, que confere mais atribuições mas também muito mais resonsabilidade a deputados e senadores – tanto é que os países mais desenvolvidos do mundo, excetuados os Estados Unidos e, em alguma medida, a França, o adotam – entre os quais Alemanha, Holanda, Bélgica, Itália, Suíça, Suécia, Noruega, Dinamarca, Canadá e Austrália, entre tantos outros.
O presidencialismo, a rigor, só deu certo efetivamente no país onde foi inventado — os Estados Unidos. Em muitos outros, o regime serviu e continua servindo como trampolim para o autoritarismo e a ditadura.
Mesmo nos EUA, com os instrumentos que o presidencialimo propicia para o chefe do governo — e agora, com Trump de volta à Casa Branca, uma maioria submissa na Câmara dos Representantes e no Senado e uma Suprema Corte politizada e ultra-conservadora –, o presidencialismo pode acabar com o inimaginável: um regime autoritário na mais antiga república do mundo.