Elogiei há três semanas como “rara, corajosa, não-corporativa e exemplar” a reação do comandante-geral da Polícia Militar do Rio de Janeiro, coronel Mário Sérgio Duarte, diante de evidências de que comandados seus estariam envolvidos no assassinato da juíza de Direito Patrícia Acioli, ocorrido a 11 de agosto deste 2011, em Niterói (RJ).
A juíza tinha fama de “martelo pesado” na aplicação de penas a bandidos e havia enviado para a prisão, ao longo de sua carreira em São Gonçalo (RJ), mais de 60 policiais envolvidos em atividades ilícitas. O coronel Mário Sérgio, diante da notícia publicada pelo jornal O Dia, com base na perícia técnica que mostrou serem balas de uso da PM do Rio as que mataram a juíza disse, com todas as letras:
– Vamos investigar e, se for comprovado, continuaremos na linha que já tínhamos desde o início, da hipótese da participação de PMs no assassinato da juíza. Não sabemos se na execução, mas ao menos no planejamento são fortes os indícios da presença de policiais.

Veja bem o detalhe: a “linha que já tínhamos desde o início”. Convicção também expressada por parentes da juíza e por seus advogados.
O coronel emprestou toda a cooperação da PM nas investigações. E, pois bem, suas suspeitas eram fundadas, pelo menos segundo inquérito da Polícia Civil do Rio, concluído a bom tempo e indicando que a juíza foi massacrada a tiros por um grupo liderado, veja você, por um oficial da PM, um tenente — Daniel dos Santos Benitez Lopes — com a participação de dois cabos, Sergio Costa Junior e Jefferson de Araújo Miranda. Eles liquidaram a juíza para evitar que a magistrada expedisse ordem de prisão devido à sua participação na morte do jovem Diego de Souza Beliene, de 18 anos, numa favela de São Gonçalo, em junho passado. Horas antes de ser trucidada por 21 tiros, porém, a juíza já havia assinado a ordem de prisão.

A advogada Letícia Lins e Silva, que, juntamente com o advogado Técio Lins e Silva, representa a família da magistrada, afirmou ao site da revista VEJA: “A família fica satisfeita com a elucidação do caso, mas é cedo para sabermos se há mais pessoas envolvidas nisso. Houve declarações maliciosas de que ela poderia ter sido morta por outro motivo”, criticou, “mas a conclusão do caso confirma que a juíza pagou com a vida o fato de estar cumprindo seu dever”.
(Por Ricardo Setti, de São Paulo. Post publicado originalmente a 12 de setembro de 2011 no blog que mantive no site da revista VEJA entre 2010 e 2015)
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Parece que a polícia não tem prova nenhuma e está jogando verde apenas. Nem perícia das armas ela fez. Está na fase de achismo.
Isso é terrorismo.
Para que sustentamos estas corporações, se estes já estão se matando entre si, morte entre os próprios membros do governo afrontando as regras institucionais? Não é a colheita dos frutos de leniência e muita tolerância este acontecimento, não teria há muito ultrapassado o limite de tolerância a todos estes delinqüentes? Como a onda de corrupção e impunidade virou uma epidemia no Planalto, estes já devem estar apostando na impunidade como uma certeza. Vamos ver se daqui a pouco estes já não estarão nas ruas.
Caro Setti Tenho a impressão que este sagaz coronel acabará descobrindo que papai noel e o coelhinho da páscoa não existem.... abraço
E o Cabralito, o que anda fazendo? Brincando de andar de aviao de empresario macomunado com ele? Um Rio, se fosse um Estado, seria um Estado FA-LI-DO. Tipo o Mexico dos dias atuais e a Colombia dos anos 80. FA-LI-DO. Como dizem os traficantes, "esta tudo dominado".
Enquanto juizes marajas do Rio andam com escolta de 5 carros e batedores ,fechando transito,usando placas frias ,fechando pedâgio da ponte Rio -Niteroi.Este aparato foi usado pelo antecessor e pelo atual presidente do TJRJ.Agora só a justiça de Deus colocara as coisas no seu devido lugar .Mas falando sobre a Policia Militar do Rio de Janeiro não se podia esperar outra coisa ,o pior ,a falta de ordem e educação militar ,pessoas sem treinamento e seleção de qualidade .Claro que sera pior a cada dia e não é culpa só deste governo,isso vem desde a época do gaucho que destruiu a cidade maravilhosa,senhor Leonel Brizola ,a ele se deve esta policia que existe hoje.
Ela poderia ter sido morta, poderia! Mas a conversa seria diferente, "fizemos tudo o que podíamos, e mesmo assim eles conseguiram"! É diferente de agora, que foi negado qualquer segurança, afirmar que não adiantaria, pois não é 100%. E pior ainda, vieram mentir no início de que ela tinha dispensado, quando na verdade tinha pedido diversas vezes. Você tem razão. Concordo com você.
Falta indiciar quem negou a escolta policial, o verdadeiro criminoso. Sabe o que ele disse hoje, que não adiantaria a escolta, que ela não é 100% eficaz. Podê? Debochar ainda por cima! Sim, acho que o Tribuna de Justiça ainda precisa se explicar. É óbvio que uma escolta tornaria a tarefa dos policiais bandidos muito mais difícil. E a vida da corajosa juíza poderia ter sido salva.