
Como era de se prever, o Exército enfrente problemas no seu auxílio às forças policiais do Rio de Janeiro para manter a ordem nas favelas do chamado Complexo do Alemão. A falta de treinamento adequado dos militares para atuações desse tipo, de um lado, e a ausência de clareza sobre até quando podem ir os integrantes do Exército na repressão à bandidagem são alguns dos obstáculos a serem vencidos.
Leia os dois trechos de reportagem abaixo que selecionei para dar uma ideia do problema.
Da Agência Brasil
O Exército montou quatro bases avançadas de patrulhamento no Complexo do Alemão, zona norte do Rio de Janeiro, após os conflitos entre traficantes e integrantes da Força de Pacificação nos últimos dias. Segundo o Relações Públicas das tropas, major Marcus Vinícius Bouças, os “pontos fortes” permitem o monitoramento fixo, diferentemente do patrulhamento móvel, feito em outras ocasiões.
Ele destacou que ao longo desta quinta-feira a situação no local deve voltar à normalidade. “Esse reforço no patrulhamento é episódico, mas já está tudo voltando ao normal e esse esquema de segurança também vai ser retomado da forma que era antes.”
O major disse, no entanto, que novas operações podem ocorrer ainda hoje. Ao todo, 1,7 mil militares estão espalhados pelos complexos do Alemão e da Vila Cruzeiro. Ele destacou que mais 200 homens estão disponíveis, caso seja necessário. O relações públicas ressaltou ainda que pelo menos mil denúncias feitas por moradores são recebidas, por mês, pelas forças.
Na manhã de hoje (8), o comandante da Força de Pacificação, general César Leme Justo, e o chefe do Comando Militar do Leste, general Adriano Pereira Junior, se reuniram na base das tropas no Complexo do Alemão, para avaliar e definir novas ações militares nas comunidades.
Homens das tropas de pacificação continuam ocupando os acessos às comunidades e pelo menos um blindado do Exército está posicionado em uma das esquinas da Avenida Itararé, a principal do Alemão. A situação no local é de aparentemente tranquilidade, apesar de muitos moradores evitarem falar com a imprensa.
(…)
Traficantes tentaram desmoralizar a força de pacificação
O chefe do Comando Militar do Leste (CML), general Adriano Pereira Junior, disse (…) que traficantes armados articularam a entrada no Complexo do Alemão, na zona norte do Rio, para tentar desmoralizar a presença do Exército no conjunto de favelas.
Segundo ele, o anúncio do prolongamento da presença do Exército, com mais de 1.600 homens no local, até meados de 2012, causou as recentes ações desses traficantes. O general admitiu que o Exército foi pego de surpresa, pois há indícios de que o ataque foi improvisado horas antes por criminosos de outras regiões. Os desentendimentos dos últimos dias entre moradores e militares da Força de Pacificação, que ocupam os complexos da Penha e do Alemão desde dezembro do ano passado, de acordo com o oficial, influenciaram a ação dos traficantes.
“Nossa inteligência não tinha levantado essa ação de ontem, foi muito rápida a decisão deles. Mas lá dentro eles não vão permanecer. Jogo meus 43 anos de serviço nisso. Quero um Brasil melhor para os meus netos. Enquanto tivermos a população do nosso lado, a sociedade carioca não será vencida”, disse. “A população tem muito medo de que esses homens voltem. As ameaças continuam. Recebemos muitas denúncias por telefone e a maioria das pessoas contribui e reconhece nosso trabalho”, completou o general.
No domingo (4), militares dispararam balas de borracha e jogaram gás de pimenta nas pessoas que estavam em um bar de uma das comunidades do Complexo do Alemão. Segundo o comandante do CML, os quatro homens do Exército envolvidos no incidente foram afastados por conduta inapropriada. “Eles foram atrás de dois suspeitos de tráfico de drogas que entraram no bar, mas deviam ter percebido que era uma armação e que deviam ter desengajado. Então, houve uma falha de percepção e eles se comportaram de maneira inadequada”.
(Post de Ricardo Setti, de São Paulo, publicado originalmente a 8 de setembro de 2011 no blog que o autor manteve no site da revista VEJA entre 2010e 2015)
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Era de esperar que o EB tivesse problemas já que foi "enredado" neste esconde-esconde da política de Engenharia Eleitoreira em curso,como um inocente útil fornecedor de equipamento e,como reserva moral,respaldar moralmente as operações politiqueiras de acordos inconfessados.
A falta de treinamento adequado não é apenas neste tipo de trabalho, caso tivesse que enfrentar algum conflito de verdade mostraria ser ainda mais ineficiente. Se a policia militar, civil, e o exercito levam eterna surra dos bandidos, ela mostra diversas facetas da realidade do poder, como loteamento dos cargos por apadrinhamento não por competência, corrupção desenfreada em todos os níveis, impunidade. Num ambiente assim cobrar meta a ser atingida seria palavrão para todos estes despreparados servidores.
Só na cachola do Beltrame e Cabral que os "operários" iriam vender carnet, sanduiche natural etc.
Os chefes militares deveriam ponderar 50 vezes e deixarem essa tarefa.