Ex-secretário de Justiça do governo Lula entre 2007 e 2010 e filho do falecido delegado Romeu Tuma, que foi diretor da Polítcia Federal e senador por São Paulo, Romeu Tuma Jr. compareceu ao “Roda Viva” em 3 de fevereiro de 2014 para falar de seu bombástico livro Assassinato de Reputações, escrito em parceria com o jornalista Claudio Tognolli, no qual sobram acusações graves à alta cúpula do PT em relação ao assassinato do prefeito Celso Daniel, de Santo André (SP).

Então responsável por um blog em VEJA, participei da bancada de entrevistadores comandada por Augusto Nunes e que contou também com os jornalistas Cristine Prestes, Eugênio Bucci (O Estado de S. Paulo/Época), Fernando Gallo (O Estado de S. Paulo) e Mario Cesar Carvalho (Folha de S. Paulo).

Perguntei a Tuma Jr. sobre uma passagem do livro na qual ele relaciona o então chefe de gabinete da Presidência da República, Gilberto Carvalho, ao esquema sujo do PT em Santo André – que seria responsável pelo assassinato de Celso Daniel – para “ajudar eleitoralmente” o partido, em colaboração com José Dirceu, então ministro da Casa Civil de Lula.

Ele começou a resposta dizendo ter sido vítima, por dois anos, de um monitoramento “de exceção” da Polícia Federal, com o objetivo de encontrar alguma prova que lhe incriminasse, “uma amante” que fosse, para lhe tirar do governo. Ele então teria se proposto a renunciar a seu cargo, por estar sendo foco de uma investigação, mas foi convencido por seus superiores a permanecer – afinal, nada havia sido encontrado que o incriminasse.

Este panorama estável mudaria depois de que Carvalho o abordasse para uma conversa, dizendo que “não conseguia dormir” por causa das investigações do Caso Celso Daniel, ao que Tuma Jr. teria respondido: “foram os seus amigos que o mataram”. A partir dali, afirma ter sofrido todo tipo de pressão por parte do governo, ao invés de ser defendido por ter passado ileso pelas investigações.

Em outra pergunta minha, sobre a instrumentalização política da Polícia Federal, Tuma Jr. foi taxativo: “estamos vivendo em um Estado Policial”. O entrevistado afirmou não conhecer “mecanismos jurídicos que impedem” que esta instrumentalização continue ocorrendo. Também contou do impacto que a repercussão de escândalo envolvendo seu nome causou na saúde do pai, que morreria em seguida – “ele sofreu muito pelo histórico dos fatos, quando viu aquilo estampado no jornal” – e que ele, Tuma Jr., impediu Lula de visitá-lo. “Não queria que ele o encontrasse deitado”, afirmou.

(Assista à íntegra do programa aqui)

(Post de Ricardo Setti, de São Paulo, originalmente publicado a 3 de fevereiro de 2014 no blog que o autor manteve no site da revista VEJA de 2010 a 2015)

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